"... existem conceitos básicos que são valiosos na Bruxaria... O mais importante é a interpretação da Deusa, a divina, como imanente no universo, manifesta na natureza, nos seres humanos, na comunidade humana. O todo, que é um, não está e jamais esteve separado do mundo físico existente. Ela está aqui, agora, é cada um de nós no presente eternamente em transformação; não é minguém além de ti, não está em nenhuma parte a não ser contigo e, no entanto, é todas as pessoas. Cultuá-la é afirmar que, mesmo em face do sofrimento e, frequentemente, contra todas as evidências, a vida é boa, uma grande dádiva, uma constante oportunidade de êxtase. Se a vemos transformar-se num fardo de miséria para os outros, temos a responsabilidade de mudá-la. Por ser a Deusa manifesta em todos os seres humanos, não tentamos fugir da nossa humanidade, mas buscamos ser plenamente humanos. A tarefa... é ajudar a ensinar aquelas coisas que parecem ser tão simples e, no entanto, são muito mais exigentes que as mais severas disciplinas do patriarcado. É mais fácil ser celibatário do que estar vivo plena e sexualmente. É mais fácil afastar-se do mundo do que viver nele; é mais fácil ser eremita que criar uma criança; é mais fácil meditar sozinho do que se comunicar com um grupo; é mais fácil submeter-se à autoridade do outro do que confiar em si próprio... A fim de transformarmos, verdadeiramente, a nossa cultura, necessitamos dessa orientação em relação à vida, ao corpo, à sexualidade, ao ego, à vontade, a todas as rudezas e aventuras do ser humano. ... A visão do mundo da Bruxaria é cíclica, espiral. Ela dissolve dualidades e vê os opostos como complementos. A diversidade é valorizada; ambos os pólos de qualquer dualidade são sempre valorizados, pois entre eles flui a pulsação positiva/negativa da energia polar que sustenta a vida. Este ciclo é o ritmo da dança, para a qual buscadoras, nas suas sendas, são sempre atraídas."
Extracto do livro "Spiral Dance" de Starhawk, adaptado por Berço de Marfim
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