“As ancas são largas por um motivo, dentro delas há um acetinado berço de marfim para a nova vida. As ancas da mulher são estabilizadores para o corpo acima e abaixo delas. Elas são portais, são uma almofada opulenta, suportes para as mãos no amor, um lugar atrás do qual as crianças se podem esconder.”

Clarissa Pinkola Estes

01 abril 2011

A Deusa vive na nossa humanidade

"... existem conceitos básicos que são valiosos na Bruxaria... O mais importante é a interpretação da Deusa, a divina, como imanente no universo, manifesta na natureza, nos seres humanos, na comunidade humana. O todo, que é um, não está e jamais esteve separado do mundo físico existente. Ela está aqui, agora, é cada um de nós no presente eternamente em transformação; não é minguém além de ti, não está em nenhuma parte a não ser contigo e, no entanto, é todas as pessoas. Cultuá-la é afirmar que, mesmo em face do sofrimento e, frequentemente, contra todas as evidências, a vida é boa, uma grande dádiva, uma constante oportunidade de êxtase. Se a vemos transformar-se num fardo de miséria para os outros, temos a responsabilidade de mudá-la. Por ser a Deusa manifesta em todos os seres humanos, não tentamos fugir da nossa humanidade, mas buscamos ser plenamente humanos. A tarefa... é ajudar a ensinar aquelas coisas que parecem ser tão simples e, no entanto, são muito mais exigentes que as mais severas disciplinas do patriarcado. É mais fácil ser celibatário do que estar vivo plena e sexualmente. É mais fácil afastar-se do mundo do que viver nele; é mais fácil ser eremita que criar uma criança; é mais fácil meditar sozinho do que se comunicar com um grupo; é mais fácil submeter-se à autoridade do outro do que confiar em si próprio... A fim de transformarmos, verdadeiramente, a nossa cultura, necessitamos dessa orientação em relação à vida, ao corpo, à sexualidade, ao ego, à vontade, a todas as rudezas e aventuras do ser humano. ... A visão do mundo da Bruxaria é cíclica, espiral. Ela dissolve dualidades e vê os opostos como complementos. A diversidade é valorizada; ambos os pólos de qualquer dualidade são sempre valorizados, pois entre eles flui a pulsação positiva/negativa da energia polar que sustenta a vida. Este ciclo é o ritmo da dança, para a qual buscadoras, nas suas sendas, são sempre atraídas."

Extracto do livro "Spiral Dance" de Starhawk, adaptado por Berço de Marfim

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